Hoje acordei me sentindo tão bem...
Abri a janela e me deparei com um céu limpo e um sol maravilhoso!
Coloquei na lista de reprodução minhas músicas favoritas e comecei a me arrumar para ir almoçar e depois ir para o curso... É, a vida está voltando ao normal e o mundo não acabou. Vesti minha camisa do meu amor maior (hoje é dia de jogo!) e isso me fez sentir ainda melhor.
Como ainda tinha tempo, conversei com os amigos na net e, é claro, com mamãe. Falar com ela é sempre bom, até quando ela me irrita, porque até assim sei que ela me ama. Mas não foi o caso hoje. Ela só queria saber como estava o Rio após a enchente e se eu estava bem. Preocupação de mãe.
Graças a Deus, eu não fui atingida pela enchente, aqui em casa tudo esteve em paz. Mas a TV e a internet estavam alarmadas. Para muitos a situação estava mais do que tensa; desesperadora. Desde segunda o caos se instalou na Cidade Maravilhosa, e de lá pra cá foram notícias, a todo momento. De pessoas que ficaram presas em seus trabalhos, outras que saíram e, desoladas, ficaram pelas ruas, ou melhor, pelas ilhas da cidade, que mais parecia um mar com seus poucos locais de refúgio, quando havia. Alunos presos nas faculdades, alguns tentando ajudar pessoas a saírem de um ônibus no qual a água já atingia as janelas. Assustadas, pessoas em cima de suas casas nas encostas clamando por socorro. Uma verdadeira luta pela sobrevivência.. Uma guerra civil.
As horas foram passando, o dia, e quando tudo parecia melhorar... dê-lhe mais chuva! Deslizamentos... Mortes... Desabrigados...
Até onde isso iria?
Quando menos esperávamos, a notícia bombástica: o maior deslizamento registrado. Niterói. Cinquenta casas atingidas, duzentos soterrados. O mundo cái novamente bem em cima do Rio, desaba... em pranto, desespero e oração.
Mães, filhos, pais, netos... todos esperando para ter notícias de seus familiares, vivos ou... alguns já sem esperança... "É muita terra!".
Amigos e desconhecidos ajudando como podem, caindo dentro, não há espaço para o medo ou a insegurança. A cada segundo as chances diminuem. Mas Alguém, que é Maior que tudo isso, lembra que Seus braços estão abertos, não só sobre a cidade do Rio, mas sobre todos nós, e nos momentos mais difíceis são Seus braços que nos resgatam. Vítimas com vida começam a ser retiradas dos escombros. Dentre os que não resistiram, há aqueles que nasceram de novo.
Hoje, assistindo ao jornal, pude ver tudo isso na gravação e a incessante busca que ainda continua. Aí caí na real que, meu Deus, está pior do que nossa vã mentalidade possa dar conta. Ajudar é mais que necessário, é fundamental, da maneira que lhe é possível. No cotidiano a gente não percebe, ou finge não perceber, mas "o mundo está ao contrário e ninguém reparou".
P.S.: Agora o céu está escuro.